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Um governo ao Centro

  R aimundo França           Decantados os resultados das eleições gerais, o Brasil caminhou para o Centro do espectro político, desviando-se das disputas entre gregos e troianos, aparentemente polarizado entre os extremos (Direita e Esquerda).        O governo que se inicia em 2023 herda do processo eleitoral uma Agenda econômica com forte tendência ao Centro e com pitadas para o fortalecimento de uma Agenda Política focada na inclusão social, o que em outras palavras quer dizer liberalismo social.       Sim, liberalismo social, isto é, a conjugação das liberdades políticas e econômicas com pitadas de implementação de políticas públicas que revertam o quadro de exclusão social que atinge significativas camadas da população brasileira.      De um lado, o mercado terá que fazer concessões quanto à ampliação dos gastos públicos por parte do governo eleito. De outro, o governo sabe que num cenário de desenvolvimento dependente, especialmente da capacidade de investimento exter

2022: a eleição em que todos venceram!

  A eleição de 2022 pode ser interpretada por diferentes ângulos, mas sob o olhar deste escriba, ela pode ser vista como a eleição em que todos venceram. Tal assertiva pode parecer loucura da cabeça deste cientista político. Contudo, vamos aos argumentos que sustentam minha afirmação. O primeiro vencedor, podemos dizer, foi o campo democrático, aqui compreendido como àqueles que defendem a democracia como o limite máximo da disputa política, tanto à direita quanto à esquerda do espectro político. Nesta perspectiva, quando se observa as alianças do presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva, tanto no primeiro turno quanto no segundo, com forte diálogo com todo o espectro do centro democrático (os mais moderados à esquerda e à direita), com inclinação de agenda de governo ao Centro,  com pitadas à direita democrática e à esquerda democrática. O segundo vencedor foi a direita democrática, pois conseguiu reeleger Zema, em Minas Gerais, 2º colégio eleitoral do país, e Cláudio Castro,

Lula e FHC; PT e PSDB

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                O encontro dos presidentes: Luís Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso não pode ser considerado um encontro comum, pois os dois são personagens que marcaram a política brasileira contemporânea, notadamente nos últimos 40 anos. São duas grandes personalidades políticas que, críticas à parte, contribuíram decisivamente para o fortalecimento da democracia brasileira e para avanço que o Estado brasileiro alçou ao longo dos últimos 30 anos, desde a promulgação da Carta Magna de 1988.    Nenhum pesquisador que tenha estudado objetivamente o comportamento político brasileiro e as políticas públicas desenhadas e executadas pelos governos Lula e Fernando Henrique Cardoso, nega a constatação de que houve melhoria significativa na vida material e simbólica da população brasileira ao longo dos respectivos mandatos, com a construção e amadurecimento de políticas públicas longitudinais e de Estado, a exemplo da Lei de Reponsabilidade Fiscal e do Programa Bolsa Família,

Eleições e Políticas Públicas: desejo, posso e como.

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              A  despeito do que parece, ao olhar do homem comum, descrente e desconfiado com o campo político, o período eleitoral é robusto pela anunciação de temas importantes para vida dos cidadãos, de forma de direta e indireta. Em geral, no pleito eleitoral, as agendas de políticas públicas pululam na e para opinião pública, seja a respeito da educação, da saúde, da segurança, da geração de emprego etc. Parecem até um mantra, pois todos os candidatos as têm na ponta da língua. Não obstante, a correlação eleições e agenda pública que emergem do período eleitoral estão circunscritas a alguns problemas quanto a sua concretização, em termos técnicos e em termos políticos, além das situações “imprevisíveis, como, por exemplo, um contexto pandêmico em que por maior planejamento que haja, não é tarefa das mais fáceis prevenir. Em termos técnicos, os candidatos aos executivos estão limitados aos problemas de ordem orçamentária e aos exageros contidos em seus planos de governos – gros

Eleições municipais na Amazônia: a disputa majoritária na capital do Acre

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    O Acre possui vinte dois municípios, com população cuja média é 30 mil habitantes, à exceção de Rio Branco, capital do Estado, localizada no Vale do Acre, que tem 383 mil habitantes, e, Cruzeiro do Sul, localizada no Vale do Juruá, com 82 mil habitantes. O contexto das eleições municipais no Acre, assim como em outros estados brasileiros semelhantes, em termos populacionais e econômicos, foi sempre muito intenso, ao longo desta ainda breve, Nova República, cujas razões são inúmeras, e que a cultura política nos ajudar a compreender melhor todas as suas singularidades. No entanto, a eleição para o cargo de prefeito do Acre, Rio Branco, traz componentes novos ao processo eleitoral 2020 que o torna mais intenso e singular ainda do que os pleitos anteriores, conforme as razões abaixo: Competição eleitoral -     o quadro de candidatos ao cargo é qualificado técnica e politicamente : Minoru Kimpara (PSDB/PSL), é professor da Universidade Federal do Acre e ex-reitor; Socorro Néri

Democracia na América

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É o título que recebe o nome da obra mais expressiva de Alexis de Tocqueville, intelectual e político francês, que estudou de forma minuciosa a experiência concreta da democracia estadunidense, diferenciando-a daquela que fora anunciada no horizonte da Revolução Francesa, ou seja, em sua própria pátria. A obra é dividida pelo dilema clássico , quanto ao conteúdo, que ronda a democracia desde seus primórdios, isto é, a relação entre liberdade e igualdade e/ou, que, para a existência de uma se faz necessário a negação ou anulação da outra. Tocqueville não resolve o dilema no contexto de sua obra, mas parece diagnosticar que foi possível uma relação “harmoniosa” entre uma e outra no contexto estadunidense. Afinal, o experimento democrático estadunidense é o caso mais longevo de “práticas” democráticas da história, inclusive, com eleições regulares ao longo destes mais de dois séculos, ainda que existam inúmeras críticas ao seu modelo de eleição indireta (Delegados/colégios eleitorai

Quando o carnaval passar

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A Política é a senhora de todas as artes, de todas as ciências. É   o que se pode depreender da interpretação aristotélica, em sua mais famosa obra:   Política. Arte entre os gregos clássicos configurava-se como a extrema essência do belo – o ser e o devir. Os gregos clássicos não separavam, a rigor o homem público do homini privado, de modo que a virtude do homem público não poderia/deveria ser diferente do homini privado. Em outras palavras, seria ilógico ser e não ser, ao mesmo tempo, duas coisas, dois seres distintos. Nicolau Maquiavel, muitos séculos depois, para ser mais preciso, no século XV, ao analisar a Política sobre a perspectiva realista, com base em métodos mais eficiente de observação e detalhamento, separou o homem público do homini privado, demonstrando que a Política tem sua própria razão de ser, embora seja uma construção humana. Ela tem como centralidade à conquista e/ou manutenção do Poder, sendo necessário para tanto “virtude” e/ou “fortuna”. De preferência