Eleições municipais na Amazônia: a disputa majoritária na capital do Acre
O contexto das eleições
municipais no Acre, assim como em outros estados brasileiros semelhantes, em
termos populacionais e econômicos, foi sempre muito intenso, ao longo desta
ainda breve, Nova República, cujas razões são inúmeras, e que a cultura
política nos ajudar a compreender melhor todas as suas singularidades.
No entanto, a eleição para o
cargo de prefeito do Acre, Rio Branco, traz componentes novos ao processo
eleitoral 2020 que o torna mais intenso e singular ainda do que os pleitos
anteriores, conforme as razões abaixo:
Competição eleitoral - o
quadro de candidatos ao cargo é qualificado técnica e politicamente:
Minoru Kimpara (PSDB/PSL), é professor da Universidade Federal do Acre e
ex-reitor; Socorro Néri (PSB) é professora da Universidade Federal do
Acre e atual Prefeita da Capital); Tião Bocalom (PP) (Matemático, ex-secretário
de Estado e ex-prefeito de Acrelândia); Roberto Duarte (MDB/PR)
(Advogado, deputado estadual); Daniel Zen (PT/PSOL), é advogado,
deputado estadual, professor da Universidade Federal do Acre, ex-secretário de
Estado), Jamyl Asfuri (PSC) é engenheiro, servidor federal e ex-deputado
estadual; Jarbas Soster (Avante), é administrador e empresário.
Bolsonarismo – à exceção das candidaturas do
PT, mais diretamente, e PSB, menos explicitamente, todos os demais candidatos
tentam associar-se à figura do presidente Bolsonaro no intuito de angariar
votos. Afinal, foi no Acre que Bolsonaro teve a maior votação relativa (77º) e
seus índices de aprovação pessoal e do governo seguem altos.
Fator 2022 – a eleição da capital é
fundamental para os diversos grupos políticos que almejam candidaturas ao
governo, em 2022, como são os casos dos senadores: Márcio Bittar (MDB)
que apoia Roberto Duarte (MDB) e do senador Sérgio Petecão (PSD)
que apoia Tião Bocalom (PP); do vice-governador major Rocha (PSL)
que apoia Minoru Kimpara (PSDB) e do governador Gladson Cameli (PP) que
apoia Socorro Neri (PSB). Aliás, o governador Gladson Cameli (PP) rompeu
com seu partido e a aliança que o levou ao Palácio Rio Branco (PMDB, PP, PSD e
PSDB) para apoiar a candidatura de Socorro Néri que estava na órbita da Situação,
no contexto de 2018.
Fator Gladson Cameli (ex-PP e atualmente sem Partido) – o governador aparece com
índices de aprovação pessoal e do governo alto (sempre acima de 70%). Não
clareza dele quanto a seu futuro político, isto é, se sairá candidato ao Senado
ou à reeleição em 2022. De todo modo, seu prestígio será colocado à prova nesta
eleição, posto que ele apoia Socorro Néri (PSB).
Novidade – é a primeira vez, desde 1990,
que, nestas eleições, o PT não é um dos protagonistas da disputa pelo
Paço Municipal, sendo que, o PT esteve à frente, anda que de forma alternada,
da Prefeitura de Rio Branco por 16 anos
e por 20 anos seguidos à frente do governo do Estado do Acre.
Cenário de segundo turno – há três candidaturas bastante
competitivas e com chances reais de irem ao Segundo Turno, Minoru Kinpara (PSDB/PSL);
Socorre Néri (PSB/PDT) e Tião Bocalom (PP/PSD), havendo inversão
nas posições segundo as pesquisas mais recentes. Tião Bocalom, que antes,
estava sempre em terceiro ou quarto, nas últimas pesquisas, aparece em primeiro
lugar enquanto Minoru Kinpara, antes primeiro nas pesquisas, agora aparece
empatada com Socorro Néri (PSB).
Regularidade – as eleições na capital acreana, mesmo durante
o domínio do PT, sempre foram muito equilibradas entre a Oposição e
Situação, isto é, a margem de votos entre os eleitos e derrotados, às exceções
do confronto entre Raimundo Angelim (PT) e Sérgio Petecão (à época) no PMN e
Marcus Alexandre (PT) e Eliane Sinhasique (PMDB), sem foi muito pequena. Não
obstante, nestas eleições, os dados revelam que os candidatos oposicionistas não
lograrão bons resultados. Afinal, as três candidaturas competitivas orbitam à
Situação tanto em termos local quanto nacional
Foco – as candidaturas parecem focar
nas questões relativas aos problemas da gestão da cidade, abordando com menos
ênfase questões de ordem mais ideológicas como ficara evidenciado nas eleições
presidenciais de 2018. Embora que muitas das candidaturas foquem, também, no
mantra (Família, comunistas, religião e costumes).
Rejeição – Daniel Zen (PT) e Socorro Néri
(PSB) têm contra si, nas pesquisas, um índice de rejeição bastante alto.
Segundo pesquisa do Ibope, 12/11/2020, ambos estão empatados tecnicamente com
35%. No caso, Daniel Zen, do PT, a rejeição para ser explicada pelo antipetismo
muito mais que por ele mesmo. Já Socorro Néri , do PSB, sua rejeição é bastante
contraditória, posto que esta tem índice de aprovação pessoal e de gestão
superiores, inclusive, a do governo do Estado.
Minoru Kinpara (PSDB) e Socorro Néri
(PSB), no eventual segundo turno, terão contra si, a rejeição do PT, pois que, o
primeiro foi dirigente do partido do PT, e, a segunda, assumiu o cargo com renúncia de Marcus
Alexandre (PT), que concorreu no pleito de 2018 ao cargo de governador, sendo
derrotado por Gladson Cameli.
Diante deste contexto, o
desfecho do próximo dia 15/11 trará novos componentes e novos arranjos à
competição eleitoral que não estavam previstos de forma clara no horizonte
político da capital do estado Acre.
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