A Universidade do lado do Avesso



A Universidade, de modo geral, atravessa sua pior crise. Não uma crise no tocante à infraestrutura, para algumas, isso também. Mas eu diria que a crise é de concepção, pois temos um modelo arcaico de pedagogia, centrada ainda numa concepção jesuítica de ensino da pura repetição.


A dinâmica do ensino mudou radicalmente na sociedade contemporânea, pois o quadro e o giz, embora, excelentes recursos didáticos, já não conseguem animar corações e mentes de jovens ávidos pela velocidade das novas tecnologias que os proporcionam, praticamente, ter mundo em suas mãos. 


O modelo de educação superior na contemporaneidade não comporta aulas propedêuticas intermináveis no estilo clássico, mas à necessidade de aulas focadas no enfrentamento das problemáticas do cotidiano a partir, sim, do repertório analítico de autores clássicos, instando nos acadêmicos o germe da curiosidade e do espanto como advertira Rubem Alves: "a Universidade e professor devem ser produtores de espantos". 


Há uma burocracia infernal nas universidades que nos leva ao produtivismo, mas não à produção de conhecimento sofisticado e inovador, pois, para que este tipo de conhecimento seja gerado, é preciso liberdade de aprendizado, é preciso imaginação criativa; e a burocracia não combina com imaginação criativa, pelo contrário, ela destrói qualquer perspectiva nesta direção. 

Sinceramente, talvez por ignorância, não conheço nenhuma grande teoria científica que não tenha sido forjada de imaginações criativas. Todos os grande inventos são de mentes que desafiam o gradeamento acadêmico.


Literalmente, precisamos construir uma Universidade do lado do Avesso em que a criação seja sua missão primordial.

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