Lula e FHC; PT e PSDB




 

         


    O encontro dos presidentes: Luís Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso não pode ser considerado um encontro comum, pois os dois são personagens que marcaram a política brasileira contemporânea, notadamente nos últimos 40 anos. São duas grandes personalidades políticas que, críticas à parte, contribuíram decisivamente para o fortalecimento da democracia brasileira e para avanço que o Estado brasileiro alçou ao longo dos últimos 30 anos, desde a promulgação da Carta Magna de 1988.

   Nenhum pesquisador que tenha estudado objetivamente o comportamento político brasileiro e as políticas públicas desenhadas e executadas pelos governos Lula e Fernando Henrique Cardoso, nega a constatação de que houve melhoria significativa na vida material e simbólica da população brasileira ao longo dos respectivos mandatos, com a construção e amadurecimento de políticas públicas longitudinais e de Estado, a exemplo da Lei de Reponsabilidade Fiscal e do Programa Bolsa Família, para ficar apenas nestes.




     De igual modo, nenhum estudioso deste período nega que os presidentes Lula e FHC tiveram oportunidades ímpares para agendar e construir uma grande e necessária reforma da política no Brasil, especialmente combatente os vícios daquela que agonizaram seus governos, isto é, a Reforma Política. Ambos tiveram, especialmente em seus primeiros mandatos, maioria expressiva no Congresso, e apoio simbólico do eleitorado para uma reforma política abrangente que minasse os vícios de nossa política eleitoral. Não terem sido protagonistas de uma ampla reforma política, fez com quer seus governos, também, fossem marcados por denúncias/fatos corruptivos que macularam suas imagens públicas frente à boa parte do eleitorado, especialmente no que toca ao presidente Lula.

     Apesar disso, estas mesmas lideranças colocaram-se ou foram colocadas no canto do ring, ao longo dos últimos 27 anos, sendo-os e seus partidos os principais competidores políticos destas duas primeiras décadas deste século. Para muitos pesquisadores isto se deu naturalmente pelo jogo político e, para outros, porque ambos demonstram grande narcisismo, o que acabou por minar a construção de uma plataforma estruturante de nação. Embora, em termos concretos, houve continuidade, nos governos Lula, das agendas dos governos Fernando Henrique Cardoso, bem como a defesa intransigente da democracia por ambas as lideranças.

   Outro ponto que permeia e dificulta ou dificultou a relação dos presidentes FHC e Lula são seus respectivos partidos em termos nacionais, pois em níveis locais e regionais, são e foram inúmeras as alianças realizadas entre o Partido dos Trabalhos e Partido da Social-Democracia Brasileira que, no afã da disputa pelo poder político, são aversos às aproximações estruturantes, especialmente porque nasceram, ainda que de segmentos diferentes pero no mucho (mas isto é tema para outro artigo), no mesmo ambiente, isto é, São Paulo. É também em São Paulo que disputam o poder mais fortemente e, também, daí irradiam suas hegemonias para os demais estados da federação. 

     No contexto da vitória do presidente Jair Bolsonaro, mas especialmente o desastroso governo Bolsonaro, parece ter colocado as duas principais lideranças do campo democrático numa rota de diálogo, afastando seus mútuos ressentimentos  e o tamanho da liderança de cada um, no contexto eleitoral de 2022 que se aproxima.

         Resta-nos, apenas, acompanhar se o PSDB voltará às suas origens social democráticas e o se PT realmente se assumirá como um partido socialdemocrata de fato, ou se o diálogo entre estas duas grandes lideranças dar-se-á apenas no contexto pragmático de 2022.  




 Há espaço para construção de uma Agenda Social Democrática, de fato no Brasil, em termos institucionais, e PSDB e PT poderiam ser os grandes protagonistas desta Agenda. Se a vaidade dos partidos e de seus líderes vão permitir são outros tantos, mas que o Brasil democrático ganharia, não resta dúvida.

 

           

 

           

 

 

  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PARA OS QUE VIRÃO (Thiago de Mello)

Democracia na América

Um governo ao Centro