Sobre conhecer a realidade do ofício e conhecer a realidade de seu povo






Como pode um juiz, um promotor, um professor, um médico, um enfermeiro, um advogado, um engenheiro, um político não conhecer e, muito menos, se sensibilizar com a realidade de seu povo?  

Confesso que esta pergunta sempre me incomodou, especialmente depois que virei professor.

Ao longo desses dezesseis anos como professor universitário, ministrei aulas para centenas de alunos, muitos dos quais não tinham qualquer apreço ao conhecimento da realidade circundante. Talvez, muitos, por medo e, mesmo, impotência frente à dura realidade da vida cotidiana do povo.

Em minhas aulas, faço inúmeras visitas à locais que possam refletir o senso de humanidade nestas almas tão inóspitas de vivências, para que possam compreender que não basta o conhecimento do ofício, mas é preciso conhecer a realidade do povo, para que ofício responda com grandeza aos juramentos feitos nos diferentes púlpitos.

Na verdade, a sociedade brasileira tem criado castas de intocáveis que, de suas tocas/togas e púlpitos, abominam qualquer contato mais direto com a realidade do povo, como se estes fossem “impuros” e não dignos de um olhar, de um aperto de mão, de um abraço, de solidariedade.

A falta de contato com a realidade do povo produz profissionais frios, verborrágicos e distantes do mundo real, que muito contribuem para construção de um mundo, cada vez mais, desumano.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PARA OS QUE VIRÃO (Thiago de Mello)

Democracia na América

Um governo ao Centro