Sobre o Sucesso ou Vencer na Vida




A oração não é minha, mas muito utilizada em termos ontológico: “o homem é um animal social”, usada por Aristóteles, especialmente em sua obra a Política. Contudo, não é exclusiva deste filósofo, posto que, muito antes dele, é possível encontrar referências à mesma entre os povos orientais.

Refiro-me à inferência aristotélica do homem enquanto um ser social/político para contrasta com a ideologia liberal de que o “sucesso” ou, em outras palavras, vencer na vida, seja fruto exclusivo das capacidades individuais, uma vez que, no mundo real, tal primado não seja verdadeiro. Afinal, nenhum de nós é uma ilha que detenha todas as potencialidades e satisfaça, por si mesmo, todas as necessidades.

Um professor não seria professor sem alunos e sem outros professores que os tivessem ensinado. Um médico não seria um médico sem pacientes e outros médicos que os tivessem transmitidos seus conhecimentos e sem enfermeiros que os ajudasse. Um empresário não seria empresário sem funcionários que contribuíssem para construção de seu empreendimento. Um pastor não seria um pastor sem seus fiéis. Um filho não seria filho sem um útero que o tivesse acolhido. Nenhum de nós teria acesso aos saberes que hoje temos, se outros antes de nós não tivessem transmitidos por meio grafos e/ou orais suas experiências.

Todo ser humano é fruto de múltiplas determinações, inclusive as individuais, que o formam enquanto ser, mas é ilusório achar que vencer na vida seja fruto, única e exclusivamente, da vontade individual, pois não há nenhum registro de alguém que tenha tido sucesso na vida sem a ajuda de outrem, isto é, de outros animais sociais.



Nesse sentido, é sempre bom relembrar o poema: Pergunta de um operário que lê, de Bertolt Brecht.

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