À Elizete, Dante e Ivanete com carinho
Costumo refletir bastante sobre os acontecimentos que vivo, para deles retirar alguns
aprendizados. Neste sentido, o texto que passo a compartilhar com vocês deve-se
a reflexão de um desses acontecimentos, neste caso, profissional.
O
ano foi 2017, o Curso de Letras fazia uma homenagem em decorrência da
aposentadoria dos professores Dante, Ivanete, Elizete e João Bosco, que haviam
sido agraciados com abraços, pelo reconhecimento dos anos longos de trabalho dedicados ao
Curso de Letras e, consequentemente, à Universidade do Estado do Mato Grosso
(UNEMAT).
Ficamos
a ouvi-los por cerca de duas horas sobre suas trajetórias de vida. Cada um fez
sua narrativa, baseando seus relatos em aprendizados em sala de aula e fora
dela. Não houve, em nenhum dos relatos, qualquer menção aos quantitativos de
produção, mas ênfase aos momentos compartilhados de aprendizados que jamais
caberão em qualquer curriculum lattes.
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Ivanete falou com a emoção e a alegria, que lhe é peculiar, sobre seus anos de luta
para consolidação do Campus Universitário de Tangará da Serra, os desafios e
desconfianças. E, mesmo depois de tanto tempo, dava para continuar a sentir em
suas palavras sua esperança para que a Universidade torne-se uma Universidade
de referência no Brasil.
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Elizete teceu comentários sobre a importância de se dedicar plenamente ao que
se faz. Como dissera: “faça com o coração, tendo rigor em tudo que faz”.
Lembrou de sua rigidez na correção dos trabalhos, bem como da importância de
acreditar nas suas potencialidades. “É difícil, mas você vai conseguir.” Surpreendeu a plateia e revelou aos incautos
que a primeira mulher a ser criada não foi Eva, mas Lilith (mulher livre,
independente e autônoma).
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Dante – “Do Divino Trágico” – narrou, como sempre, sobre “o trágico”, com a
profundeza filosófica e literária que lhes são características. Afinal, no
fundo, a vida é uma tragédia. Lembrou ainda que era uma pena ter que partir do
universo acadêmico, pois, justamente, agora que ele começava a aprender a dar
aula, era forçado a partir.
Depois
de um ano, volto às falas destes e me vem à mente os onze anos que eu tive o
privilégio de trabalhar com pessoas tão generosas, solidárias, companheiras,
amigas, éticas, felizes, dedicadas, apaixonadas, coletivas, humanistas, sábias.
Nunca houve
batalhas, ao longo desses anos de convivência, que essas três pessoas
extraordinárias – para usar uma expressão Eric Hobsbawm – não tivessem estado
juntos nas primeiras fileiras das diferentes batalhas que enfrentamos.
Sei que nenhum
dos três querem figurar como exemplo para ninguém, mas, mesmo sem querer, vocês
plantaram sementes de esperança para uma plateia que vive num mundo tão desesperançado.
Quero
dizer-vos que aprendi muito com vocês ao longo desses anos.
De coração,
muito obrigado!
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