Gostar de Política, eis a questão
Gostar é um verbo que, para
muitas pessoas, não combina com o substantivo Política. Não são parcas as pessoas que
dizem aos quatro cantos: “eu detesto política”. Aliás, Platão tinha uma resposta
emblemática para este tipo de concepção: “O problema da política é que os que
não gostam de Política são governados pelos que gostam”.
Quanto à mim, eu sempre gostei de
Política. Aliás, gosto tanto que me formei em Ciência Política. Faço Política o
tempo todo numa perspectiva a aristotélica, isto é, na busca do bem comum, do bem viver, pois tudo é Política, nada lhe escapa, como sacramentou Bertolt Brecht em seu belíssimo poema, o
analfabeto político.
A condenação da esfera Política é
também a condenação da Pólis, da vida
em sociedade, do contrato social, da urbanidade e de consensos humanitários. É uma
vida permeada pela tragédia e pelo caos, pois não há possibilidade de diálogos. É o retorno da luta selvagem homem lobo do próprio homem (homo
homini lúpus)como expressa Hobbes em seu Leviatã.
Apesar disso, o que tenho
observado em meus estudos é que essa ojeriza, manifestada por parte da
população, tem um fundo autoexplicativo na separação que esta faz da esfera de
suas vidas privadas e de sua vida pública. Aliás, há uma maravilhoso trabalho
de José Murilo de Carvalho, Cidadania no Brasil: um longo caminho, que retrata de forma clara, como historicamente o “povo” foi afastado da esfera pública, sendo a Política monopólio,
quase que exclusivo, dos homens de negócio no Brasil.
Gostar de Política é mais que um
dever “cívico”, é um compromisso ético com a humanidade, especialmente para os que foram talhados pelos ideais humanísticos do movimento renascentista.
Gostar de Política é a
questão fundamentação para reconstrução de outro pacto civilizatório ...
Ótimo texto professor, posso usá-lo em sala de aula para que meus alunos reflitam sobre a importância de se fazer, participar, colaborar com a política?
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