Lições das eleições municipais: as abstenções
Houve
muitos fatos positivos nas eleições municipais deste ano, especialmente pelo
aumento do número de abstenções, isto é, na quantidade de pessoas que se
eximiram de escolher o(s) candidato(s) menos “ruins”.
Este
fato é positivo, pois revela diretamente o quão insatisfeito está o eleitor
brasileiro com os seus representantes e, por conseguinte, com o próprio sistema
político brasileiro, que capenga sua sobrevivência, pois não há crença nos projetos
que aí estão, seja à direita ou à esquerda.
As
abstenções dão a dimensão da crise política, pois a democracia tem por
princípio - o governo do povo - ou
melhor - da maioria do povo - mas
nestas eleições, em muitos lugares, como foram os casos de: Porto Alegre (RS),
Porto Velho (RO), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Campo Grande (MS), Rio de
Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Cuiabá (MT), Aracaju (SE) e Belém (PA), os
prefeitos eleitos obtiveram menos votos que o número de abstenções e
votos nulos. No Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (BH), a situação foi ainda
mais grave, pois os candidatos mais votados tiverem menos votos que número de
abstenções e votos nulos.
Essa
atitude do eleitor, talvez, tenha sido o fato mais positivo dessas eleições,
pois demonstra o que tem acontecido na última década no Brasil, ou seja, a
insatisfação com o processo político eleitoral, bem como à urgência de uma
Reforma Política ampla, que possibilite a “crença’ na democracia eleitoral como forma de solução de conflitos e condução
da vida em sociedade.
A
constatação fática é que os eleitores deram seu “grito”, agora saber se as
instituições no âmbito do legislativo, do judiciário e executivo, bem como a própria
sociedade civil organizada serão capazes de canalizar este recado para Reforma
da Política, eis a questão.
A
princípio, parece que não...
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