ELEIÇÕES E PESQUISAS ELEITORAIS



            As eleições, há muito tempo, deixaram de ser um locus privilegiado para os candidatos e partidos exporem ao eleitorado seus Programas de Governo e foram transformadas em mera técnica televisiva e espetaculosa, mediada por pesquisas instantâneas para identificar a percepção do eleitorado, mas, sobretudo, para mercado, que tem se tornado o principal interessado pela política, pois o “povo”, como se sabe, odeia a política.  No entanto, o que tem chamado à atenção nesse pleito é o volume de pesquisas eleitorais que tentam diuturnamente identificar a intenção de voto do eleitorado. Confesso que, ao longo desses quase doze anos de estudo do processo político brasileiro, não tinha visto tamanho interesse pelas pesquisas eleitorais.
            Diante disso, duas conclusões parecem-me plausíveis: a primeira, as pesquisas eleitorais tem se tornado cada vez mais precisas e podem oferecer aos candidatos um ajuste discursivo simultâneo à opinião do eleitorado, no intuito de convencê-los da melhor proposta, bem como de demonstrar a este os deméritos do adversário. A segunda, consiste no papel que o Brasil ocupa, hoje, no cenário mundial, e na perspectiva de uma ou outra ou candidatura alterar ainda mais esse papel estratégico. Daí o nervosismo do mercado financeiro e seu interesse em tentar a cada dia tencionar os rumos das eleições para uma agenda afinada aos seus interesses estratégicos.
Nunca é demais lembrar que o Brasil, Rússia, China e Índia (BRIC´s) podem se tornar bloco econômico sem precedentes na história, com um potencial de consumidores em torno de três bilhões, isto diretamente, pois indiretamente seu alcance é ainda muito maior, ou seja, quase a metade da população mundial. Além disso, ainda tem a questão energética e a produção de alimentos. Logo, a eleição que se aproxima do seu final não é qualquer eleição, mas uma eleição cujas principais economias mundiais (multinacionais) estão apreensivas, pois a depender do resultado, esse quinhão terá que ser repartido com mais países e não só a Europa e os Estado Unidos como historicamente ocorrera.
            Portanto, não é sem razão que as pesquisas eleitorais tenham ganhado tamanha projeção neste pleito eleitoral. Há mais que ovos nesse cesto.


            

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