A imprensa no Brasil e os dois modos de abordagens da notícia política.
Por Raimundo França
Somente
um leitor menos atento ao noticiário-noticioso não consegue perceber que, no
Brasil, temos literalmente duas imprensas. Para isso não precisa ser um expert em análise jornalística, mas
simplesmente observar o noticiário, para identificar a discrepância entre as coberturas
das notícias referentes aos malfeitos do PT e seus aliados e os do PSBD e os
seus.
Tenho
acompanhado, como leitor assíduo da política, até pela formação, como se
desenvolveram os enredos em torno do “mensalão” petista, pois do PSDB mineiro, como se sabe, só tivemos notícias nas notas de rodapés dos “grandes” jornais ou em subtextos,
em geral, como notícias secundárias e em fonte 12. Já os malfeitos dos petistas
e seus aliados sempre nas páginas principais e em fontes garrafais, em geral.
Além disso, essas notícias ficam no ar por mais tempo que as demais notícias
dos outros partidos, em especial, quando estes partidos são PSDB, DEM e seus
aliados.
Qual
problema disso? A princípio nenhum,
afinal a “imprensa”, num sistema democrático, tem o dever de cobrir e noticiar
aos cidadãos aquilo que ocorre no submundo da política e da própria vida em
sociedade. Todavia, o problema começa aparecer quando, esta mesma imprensa, cobre “os dois lado” do processo político de forma distinta e tendenciosa, pois
não a faz de forma justa. Pois, como se sabe, nenhuma imprensa é isenta, mas
envolta aos seus interesses econômicos enviesados ideologicamente como tudo na vida
em sociedade.
Ao fazer isso,
a imprensa em vez de informar, desinforma, pois faz parecer aos olhos dos
incautos que há um lado do bem e outro do mal, quando sabemos que no processo
político brasileiro, com o sistema eleitoral que vigora em nosso país, não há,
sinceramente, nenhum santo. Queres uma prova? Vejam os financiadores de
campanha, de cada candidato, e tire a prova; ou veja a evolução patrimonial de
cada político e reflita se é possível alguém, trabalhando honestamente,
enriquecer tão rápido?
Portanto, os enredos
noticiados têm mais a dizer do que realmente dizem, e cumprem mais um papel de desinformar
do que informar. A Política como nosso marco civilizatório, sem a qual
voltaríamos à caverna, não ganha muito sem uma imprensa justa, pois isenta não
existe. Deste modo, a democratização da imprensa é fundamental para melhoria da
qualidade do nosso regime democrático.
Cientista Político, Doutor em Ciências Sociais e prof. da Universidade do
Estado do Mato Grosso (UNEMAT).
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