“Coronelismo” partidário: Voto em lista fechada.

“Coronelismo” partidário: Voto em lista fechada.


 O coronelismo, expressão cunhada pelo cientista social Victor Nunes Leal, em sua famosa Obra: Coronelismo, Enxada e Voto, para interpretar a forma de mando político predominante na Primeira República (1889-1930), também conhecida  como Política dos governadores e/ou "Café com leite". Segundo Leal, os políticos locais agiam como verdadeiros coronéis, tendo total controle da vida em suas possessões territoriais.                         
       Guardadas às devidas proporções, um dos pontos do "Plebiscito" que tem sido levantado por algumas agremiações partidárias seria o Voto em lista fechada que, na prática, é exatamente a instalação de uma nova espécie de coronelismo só que agora na forma partidária.
O Voto em lista fechada significa que o eleitor vota no Partido, na prática já acontece, isto é, vota num candidato que pertence ao Partido e os mais votados dentro do partido ou coligação, atingido o coeficiente eleitoral, será ou serão o (s) eleito (s). Todavia, no Voto em lista fechada, o eleitor vota diretamente na lista elaborado pelo partido, ou seja, o partido elabora uma ordem decrescente de candidatos e conforme o partido atinja o coeficiência eleitoral, serão eleitos àqueles candidatos que encabeçam às referidas listas. Assim sendo, reproduzir-se-á o que, na prática política brasileira já existe, isto é, os caciques partidários à Esquerda, ao Centro, ou à Direita e seus referidos Extremos, que escolherão quem encabeçará as referidas Listas Fechadas, logo determinarão os eleitos.
Diante disso, se faz necessário dizer que, o Brasil carece de partidos orgânicos que tenham de fato lastro social, os poucos partidos que o tem, raros são os que praticam internamente a democracia partidária. Logo, a proposição de Voto em lista fechada fragilizaria ainda mais o já caótico sistema de escolha dos representantes. Mas o pior de tudo isso, a meu juízo, é que isso aumentaria a força dos “coronéis ou caciques” e das oligarquias já tão presentes na vida partidária brasileira.
           É preciso se manter vigilante quanto à profundeza ou superficialidade do Plebiscito, pois em vez de promover mudanças na estrutura do corrupto processo eleitoral brasileiro, ele pode trazer exatamente ou se contrário, como ora destacamos em relação ao Voto em lista fechada, que, na verdade, é a oficialização do “Coronelismo partidário”.
Reformar é preciso a partir da agenda da sociedade que, ao longo dos anos, vem rotineiramente demonstrando sua insatisfação com sistema político representativo vigente, exemplo disso tem sido o crescente número de abstenções nos pleitos eleitorais. Contudo, responder às mobilizações sem a devida reflexão pode produzir um verdadeiro Frankenstein do já crítico sistema político brasileiro. 


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