Plebiscito, por quê?
Plebiscito, por quê?
Raimundo França
A Constituição
Federal de 1988 tem como duas de suas principais inovações: o Plebiscito e Referendo
que funcionam como instrumento de participação direta da população nas decisões
dos assuntos públicos. No entanto, estas duas inovações têm sido muito pouco
utilizados pelos governos para consultar a população sobre temas polêmicos, ao
que lembro, o plebiscito e referendo só haviam sido utilizados em quatro
ocasiões: Escolha quanto ao regime (Monarquia ou República) e forma Parlamentarista
ou Presidencialismo), em 1993; Comercialização de Armas ou Desarmamento (2005);
Divisão do Estado do Pará, em 2010; e; Mudança do fuso horário do Estado do
Acre, 2010. Contudo, as mobilizações das
últimas semanas pressionam os diferentes governos a trazerem novamente o
plebiscito e o referendo ao cenário decisório.
As
mobilizações, em que pese ou não o caráter difuso de suas das bandeiras
reivindicatórias, impuseram à revelia e morosidade do Congresso nacional uma
nova agenda para os governos, sobretudo, no âmbito federal, como: a mobilidade urbana, a corrupção como crime
hediondo e a Reforma Política. Questões urgentes e inadiáveis para a abertura
de um diálogo efetivo, cujo plebiscito parece ser um caminho extremamente interessante.
No entanto, parece, também, que os
setores oligárquicos brasileiros, representados pelos partidos tradicionais não
captaram ou estão a se fazer de desentendidos com relação ao recado das ruas.
Este mensagem foi para todos partidos políticos, portanto, o recado foi, tanto
para os “gregos quanto para os troianos”. Tentar associar o estado de coisas a
um grupo político específico é oportunismo e, de certo modo, uma tentativa de
Golpe, pois o Brasil não está pedindo, pura e simplesmente, a troca de uma
representante por outro, mas a mudança na estrutura do sistema, e isso passa,
inevitavelmente, por Reformas profundas no Estado Brasileiro, a começar pela
Reforma Política, pela Reforma da Imprensa, pela Reforma Tributária, Reforma do
Judiciário e pela Inclusão da Educação como política prioritária de Estado, na
prática.
Questionar a
legalidade da Presidente em propor Plebiscito é legítimo, afinal estamos num
regime democrático, mas é insanidade e oportunismo fazê-lo por duas questões
centrais: a primeira, o Congresso Nacional passou ao longo dos últimos quatro
governos (Collor-Itamar; Fernando Henrique Cardoso; Lula e Dilma), arrastando
diversas propostas de Reforma Política nas Comissões de suas Casas, sem
literalmente, sair do lugar; em segundo lugar, delegar ao atual Congresso
Nacional um Reforma Política eficiente e eficaz parece indubitavelmente a
resposta que vem das ruas, que não veem viabilidade numa Reforma Política
realizada pelos atuais congressistas que, na prática, têm ao longo das últimas
décadas legislando mais em causa própria que sobre o interesse do coletivo da
sociedade Brasileira.
O
Plebiscito, nesse sentido, é um excelente instrumento de ouvir e dar voz a
população sobre suas reais intenções de Brasil, cabendo-lhes decidir diretamente
sobre um tema que parece ser indubitavelmente a questão nevrálgica para
sociedade brasileira. Contrapor-se ao Plebiscito é contra, aí sim, a Opinião
Pública exposta por meio dos inúmeros protestos ao longo das duas últimas
semanas.
Dessa forma,
a legalidade de quem deve propor ou não o Plebiscito é puro proselitismo. A necessidade deste é inadiável sob pena de ao
retardá-lo ou querer obter dividendos políticos à esquerda ou à direita, o
clamor da sociedade será ainda mais virulento.
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