PARA OS QUE VIRÃO (Thiago de Mello)
Como sei pouco e sou pouco, faço o pouco que me cabe, me dando inteiro,
Sabendo que não vou ver o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente para não enganar a ninguém: principalmente aos que sofrem na própria vida, a garra da opressão e nem sabem,
Não tenho o sol escondido em meu bolso de palavra,
Sou simplesmente um homem para quem já a primeira e desolada pessoa do singular,
Foi deixando, devagar, sofridamente de ser, transformar-se
Muito mais sofridamente na primeira e profunda pessoal do plural.
Não importa que doa: É tempo de avançar de mão dada
Com quem vai ao mesmo rumo,
Mesmo que longe ainda esteja, de aprender a conjugar o verbo amar,
É tempo sobretudo, de deixar de ser apenas a solitária
Vanguarda de nós mesmos
Se trata de ir ao encontro(dura no peito, arde a límpida verdade dos nossos erros),
Se trata de abrir o rumo,
Os que virão, serão povo e saber serão, lutando.
THIAGO DE MELLO
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